quinta-feira, 17 de março de 2011

"Eu nunca aceitei o comum!"



Salto doze, vermelho como os cabelos cuidadosamente penteados. Colar de pérolas até a cintura, anéis, brincos e muita atitude. Poderia se tratar de uma mulher de vinte ou trinta anos, mas Marlene Caleffo tem 67.

Coordenadora da Mulher da cidade de Salto, Marlene conversou com os estudantes da Faculdade de Comunicação e Artes do CEUNSP na noite do dia 1º de março, inaugurando o circuito de palestras Questão Jovem, que tem como objetivo discutir temas que abranjam o universo jovem no século XXI.

Antes mesmo de se começar o bate papo, o público, majoritariamente feminino, foi completamente conquistado com as apresentações musicais. Músicas como ‘Lady Marmalade’, do famoso musical Moulin Rouge, e ‘Man, I Feel Like a Woman’, de Shania Twain, representam, para as jovens mulheres do século XXI, a ousadia, a quebra de regras e tabus, a força e a sensualidade da mulher moderna.

Marlene compartilhou com os presentes não só seu trabalho na Coordenadoria da Mulher, que ela descreveu como ‘uma missão’, mas também suas lutas pessoais como profissional, esposa e mãe. “Eu gosto das coisas difíceis”, disse.

Desde a infância, na cidade de Salto, numa época em que a sociedade era completamente patriarcal, em que os homens não só sustentavam, como também mandavam nas mulheres, ela já vencia obstáculos. Nunca deixou que o fato de ser mulher a impedisse de realizar seus sonhos. Quando criança cursou aulas de acordeom – diferente de tantas mocinhas que aprendiam piano e ponto cruz. Ia sozinha para as aulas de jardineira, uma espécie de ônibus. “Desde os dez anos que eu sempre quis ter a minha independência. Aos dez anos eu disse para os meus pais que queria trabalhar. Disse: ‘eu não acho que tem valor eu dar presente pra você e pra mamãe com o dinheiro que vocês me dão’ e eu e minha mãe fomos estudar em São Paulo e abrimos o primeiro salão de beleza de Salto”.

A ousadia de Marlene, pode-se dizer, é genética. Sua mãe, Dezolina, casou-se com João Baptista, que não só era dezessete anos mais velho: era viúvo. “Já imaginaram o escândalo, o preconceito?”, mas ela explica de outra maneira: “eu nunca aceitei o comum”.

Não faz muito tempo que as mulheres começaram a conquistar seu espaço no mundo moderno. “Antes, a mulher era criada, educada, para casar, cozinhar, lavar, passar, ter filhos e calar a boca!”, conta Caleffo. E prossegue explicando que homens só se casavam quando tinham poder financeiro suficiente para sustentar sua casa, mulher e filhos. Não era aceitável que a mulher precisasse trabalhar para ajudar o marido.

No século XXI, a mulher, super competente, ágil e proativa, tem conseguido atingir cargos de importantes em grandes empresas, que eram, até pouco tempo, ocupados por homens. De acordo com um levantamento realizado pela Catho Online, maior classificados online de currículos e empregos da América Latina, as mulheres já ocupam 58,63% dos cargos de coordenação, ou seja, mais da metade destes profissionais são do sexo feminino. Além disso, 22,91% dos cargos mais elevados das organizações, como presidentes, pertencem as mulheres.

Aquelas mulheres submissas e passivas, escravas obedientes dos maridos se transformaram em guerreiras independentes e fortes, que lutam pelos seus direitos e desejos com garra e coragem e não se deixam desanimar por preconceitos e tabus. A cada dia que passa a mulher se torna mais indispensável à sociedade moderna, que finalmente começa a enxergar o poder feminino de tornar o mundo melhor.

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