Sorocaba conta com 16 hospitais entre públicos, particulares e psiquiátricos. Há também 27 postos de saúde. O Parque São Bento é o bairro mais populoso do município de, tem 35 mil habitantes e apenas um posto de saúde, que funciona de segunda a sexta das 7h às 19h. Nesse posto há cerca de 25 funcionários, sendo três clínicos gerais, três pediatras, quatro enfermeiros e dois dentistas. Não há nenhum ginecologista trabalhando no posto no momento. Ao tentar marcar uma consulta, o paciente é brigado a esperar dias. A recepcionista explicou que o posto está aguardando a confirmação da contratação do médico especializado.
Ingrid Vieira, 18 anos, estudante, mostrou a sua revolta com a situação: “Aonde já se viu uma coisa dessas, não ter um ginecologista no posto de saúde de um bairro grande. Eles disseram que ta para chegar um mais que é homem nem todas as mulheres gosta de passar com homem, uma pouca vergonha.”
Dois convênios assinados em dezembro passado entre a prefeitura de Sorocaba e o Governo do Estado garantiram o repasse de R$ 400 mil para reforma e ampliação da Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Aparecidinha e construção de uma nova unidade no Parque São Bento.
A assinatura dos convênios foi testemunhada pelo deputado estadual Hamilton Pereira (PT), que garantiu os recursos através de emendas orçamentárias. A nova UBS do Parque São Bento está prevista para ser construída no segundo semestre deste ano. Segundo informações da Secretaria de Comunicação da Prefeitura (Secom), “a unidade terá cerca de 1.000 m² de área construída e contará com salas de coordenação e administração, dez consultórios para consultas de pediatria, ginecologia, acolhimento, Programa de Saúde da Família, atendimento odontológico, entre outros” e poderá atender cerca de 250 pessoas por dia.
O Hospital Regional de Sorocaba, que atende por dia 3 mil pacientes de 48 cidades, está cada vez pior. Doentes esperam pra serem atendidos em macas nos corredores. Há falta de higiene e as instalações estão deterioradas. Além disso, falta material básico no centro cirúrgico de ortopedia, o que causa adiamento de cirurgias.
O diretor Antonio Carlos Nasi informou que o hospital trabalha com capacidade total e não pode parar para fazer reformas. Ele reclamou da falta de triagem nos municípios, que mandam todos os doentes para o Regional. “Não gosto do que eu vejo, mas, infelizmente, eu não posso parar o hospital, fechar o hospital, para tomar uma medida desta natureza. Eu tenho que fazer isso por partes. Eu não recebo colaboração de nenhum outro hospital, nem da cidade, nem da região. Praticamente, eu tenho que dar conta de tudo.”
Hospitais psiquiátricos privados da região de Sorocaba registraram 459 mortes de pacientes entre 2006 e 2009. O total de óbitos corresponde a um coeficiente de 16,5 mortes para cada 100 leitos - a média dos hospitais psiquiátricos públicos do Estado são de 6,5 mortes por 100 leitos, conforme estudo divulgado pelo Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba (Flamas).
O levantamento foi feito com base no Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Além dos quatro hospitais de Sorocaba, foram incluídos dois de Salto de Pirapora e um de Piedade, cidades vizinhas do município. O alto índice de mortalidade levou a Câmara de Sorocaba a criar uma comissão especial para apurar as condições dos internos e acompanhar o tratamento dado aos pacientes. A comissão começou a ouvir os familiares de pacientes que morreram nos hospitais no dia X desse mês.
"Os dados mostram que nos hospitais psiquiátricos da região de Sorocaba, que são privados, mas atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde), morrem três vezes mais pacientes do que nos outros hospitais do Estado", disse o vereador Izídio de Brito, que preside a comissão.
Com todos estes problemas fica difícil ver o lado bom da saúde pública, como o fato de que Sorocaba realizou em fevereiro uma cirurgia inédita no Brasil, que promete acabar com a presbiopia, mais conhecida como vista cansada, um mal que afeta boa parte da população que já passou dos 40 anos. O novo procedimento cirúrgico é simples e rápido, sendo concluído em poucos minutos. O paciente é submetido a vários disparos de laser nos olhos e, aos poucos, a córnea vai sendo esculpida para que a visão seja plenamente recuperada.
Se tudo continuar melhorando um dia a saúde será boa, são pequenas coisas quase não notadas mais que um dia vão fazer a diferença.