Há poucos dias fui à uma lanchonete em Indaiatuba. Observei que onde antigamente ficava o caixa do estabelecimento havia uma divisória que ocultava a visão daquele determinado espaço. Imaginei que estivessem reformando o local, realizando uma ampliação, por exemplo. Não contive a curiosidade e procurei esticar um pouco mais o pescoço para enxergar as melhorias que estavam sendo realizadas. Para minha surpresa ali não estava sendo realizado nenhum tipo de obra. No local, estavam instaladas pelo menos uma dúzia de máquinas “caça-níqueis”. Paguei pelo salgado que comi e fui embora pensando se deveria ou não denunciar aquele comércio. Decidi que não ganharia nada com essa atitude, afinal eu mesma não estava sendo prejudicada (não diretamente, pelo menos) e os responsáveis pela fiscalização possivelmente já passaram por esse local diversas vezes, considerando sua localização.
Neste mesmo dia peguei a estrada e fui para Campinas, onde emperrei em um trânsito do qual parecia que não sairia mais. Fiquei parada talvez durante uns vinte ou trinta minutos no mesmo lugar e nada do tráfego avançar. Através do meu retrovisor direito notei um carro andando pelo acostamento ultrapassando todos os que estavam parados havia tanto tempo, inclusive o meu. Pensei: qual seria a grande vantagem que este motorista acreditava estar tendo, levando em consideração que a qualquer momento poderia ser flagrado e autuado por um guarda de trânsito. Talvez se eu anotasse a placa e ligasse para a polícia... Nos poucos segundos que seguiram entre os pensamentos e a ultrapassagem desisti, visto que sem a presença do policial não haveria o flagrante e muito menos a autuação.
Mas algo nos dois casos deste dia peculiar me chamou a atenção. Mais do que a falta da fiscalização ou de providências relativas à má conduta do comerciante e do motorista, a minha própria atitude, a minha conivência com ambos me incomodou profundamente. Refleti sobre quantas vezes faço isso diariamente, e concordo indiretamente com tantas atitudes malogradas. Afinal, como diz o ditado - “quem cala, consente”. Por mais que eu não concordasse com os atos do comerciante, do motorista, e de tantos outros (maus) exemplos que eu poderia citar agora, nada fiz para denunciá-los ou impedi-los.
Acredito que você, caro leitor, também tenha tido em algum momento, em pequena ou grande proporção, esse sentimento de impotência perante alguma injustiça e se calado. Se a lei rege todos igualmente, por que alguns insistem em obter ‘vantagens’ de forma ilícita, e pior, conseguem obtê-las sem nenhum risco ou pudor? Pior ainda é perceber que de modo geral a sociedade aceita e aprova essas atitudes, pois como são espertas estas pessoas, não?! Melhor exemplo não poderíamos encontrar senão na política brasileira (ou mundial?). Em ano de eleições me divirto deveras com candidatos, no mínimo, caras-de-pau... Política talvez seja um assunto que não o agrade. Há até quem diga que quando o assunto chega em religião, futebol, política ou na mulher alheia é melhor encerrar a conversa. Porém, acredito que você, assim como eu, não está conformado com falta de ética que assistimos quase diariamente nos noticiários. Prossigo com uma consideração: entre os jovens a política tornou-se um assunto massante, coisa do do nerd oudo pseudocult que quer parecer politizado. Claro que estou generalizando.
Anos se passam e as reclamações do povo são sempre as mesmas: a estrutura da área da saúde é precária, o sistema educacional é vergonhoso, as cidades incham desordenadamente, a violência aumenta, e por aí segue a lista incomensurável de problemas que todos conhecemos, e por senso comum concordamos que o Estado deixa a desejar em sua administração. Mas basta chegar o ano das eleições que há solução para todos os problemas (como não pensamos nisso antes?).
Por isso cheguei a estas linhas finais visando somente pedir um minuto da sua reflexão. Esteja atento a todo o instante do seu dia, seja nas pequenas atitudes e ocasiões, ou no momento de escolher seu representante. Antes de apertar a tecla verde no dia 3 de outubro analise com cuidado as idéias e propostas daquele candidato em quem você pretende votar. Anular o voto não é forma de protesto. Ao anular o seu voto você se equipara com o cara que faltou na reunião e condomínio. Outras pessoas decidiram algo que talvez você não concorde e que mexerá diretamente com o seu bolso... mas já que você não estava presente e portanto não se mnifestou, entra na parcela que se calou – e consentiu.
Nada poderei fazer para mudar a minha falta de atitude com o comerciante ou com o motorista, porém tenho uma grande frase de Chico Xavier: “Ninguém pode mudar o erro no começo, mas todos podemos recomeçar e fazer um novo final”.
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