quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Jovem sim, senhor



A reunião foi marcada: sábado à noite. Na sala, a anfitriã – que reuniu os amigos para comemorar seu aniversário de dezoito anos – estava cercada por sete jovens, entre dezessete e vinte e dois anos. No meio de tanta conversa, eis que surge a pergunta clichê: “em quem vocês vão votar?” e começa o debate, que se prolongou até a indispensável hora do ‘Parabéns pra você’.

Quatro deles assumiram seus postos ao lado de Marina Silva, a candidata do Partido Verde (PV) que, além de seguir as diretrizes pró-sustentabilidade (moda entre a juventude), ainda se tornou a escolha perfeita para os que não aprovam os métodos de governo do PT e do PSDB, como a aniversariante, que assumiu seu voto para a candidata verde, ainda a terceira colocada nas pesquisas eleitorais, mas deixou claro que só tomou essa decisão por se tratar do que ela chamou de ‘última opção’: “Não voto nem no Serra, nem na Dilma!”.

Dos três restantes, dividindo o mesmo sofá, ironicamente à esquerda encontrava-se um verdadeiro tucano, que é estudante de Economia – mesma graduação de José Serra, do PSDB - com dados, estatísticas e muitos argumentos. À direita uma estudante que queria votar na Marina, mas que mudou o voto porque o pai dela foi demitido da empresa em que trabalhava por ela haver sido privatizada. “O PSDB quer privatizar tudo, quer tirar o emprego das pessoas”, disse a garota. E completa: “Vocês não sabem como é ruim ver seu pai ser demitido! Vou votar na Dilma pra não ter segundo turno e não dar chance pro Serra!” No meio dos dois mais polêmicos convidados, uma estudante de Jornalismo, que fez o papel de mediadora, tentando acalmar as partes, explicar as colocações e fazer perguntas, sem deixar exposta a própria opinião.

Dizem que os jovens não se interessam por política, mas parece que essa situação está mudando. Corre, nas veias da juventude, a vontade e a coragem de mudar o mundo e fazer acontecer. E de uns meses pra cá, com a corrida presidencial, isso ficou ainda mais claro.

Este foi o primeiro ano em que os candidatos fizeram uso da internet - poderosa disseminadora de ideias - e das comunicativas redes sociais em prol de suas campanhas. E pela primeira vez, jovens se engajaram abertamente em seus perfis do Twitter, Orkut e Facebook para divulgar seus candidatos e, acima de tudo, a proposta de se envolver com política e, através dela, conquistar um mundo melhor.

Com a Constituição Federal de 1988, jovens a partir de dezesseis anos ganharam o direito que antes pertencia somente aos ‘adultos’: escolher, através do voto, o futuro do país e o seu próprio.

Essa mudança constitucional buscava aplacar o que, na época, era um problema em potencial: o desinteresse político.

Hoje, em relação à 2006, há cerca de 7% menos eleitores com 16 e 17 anos, no entanto, política é assunto presente nas escolas, faculdades, lanchonetes, blogs, twitters...

"Eu não vou votar, não tirei título, mas se fosse ia votar na Marina, não só porque ela quer ajudar o meio ambiente, mas porque ela parece ser mais honesta", declarou o estudante de Técnico em Meio Ambiente, Getúlio Spina de 16 anos.

As pessoas estão começando a se envolver, se interessar. Aos pouquinhos, devagar, mas o que importa é a caminhada em si e não a velocidade dos passos.

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