Não basta saber. Na política, é necessário entender o que está acontecendo. Políticos mal intencionados podem, com algumas palavras, distorcer a realidade em seu benefício e fazer-nos acreditar no que dizem. Algumas vezes, principalmente em época de campanha, isso acontece e cabe a nós estarmos preparados para não sermos enganados.
O texto abaixo foi escrito por Reinaldo Azevedo, colunista da Veja, e mostra como um discurso, se não for acompanhado por uma pesquisa e um imenso interesse, pode confundir o eleitor, fazendo-o acreditar numa meia verdade.
Ai, ai… Vamos lá. Se não eu e mais uns dois ou três, então quem, né? Não, eu não me incomodo de ser um dos súditos chatos da rainha. “Você é bobo da corte”, diz um petrralha. Tudo bem! O bobo era o único que tinha licença para dizer certas coisas ao rei, né? De vez em quando o soberano se chateava e mandava açoitá-lo. Como Dona Dilma Primeira não pode fazer isso ainda…
A íntegra do pronunciamento dela está aqui aqui. Não foge àquela linguagem grandiloqüente típica dos auto-elogios de governos. De relevante, já notei no post anterior, há o seqüestro de uma proposta do programa de governo do tucano José Serra. Não é a primeira vez.
Durante a campanha, o PT tentou investir na confusão, afirmando que Serra estaria querendo acabar com o ProUni, substituindo-o pelo Protec. Era, obviamente, uma mentira. Mas o PT não tem problema com isso: 31 anos de experiência! Dilma também tungou o tal Plano de Prevenção de Catástrofes. Quando seu adversário tocou no assunto, ela respondeu que o PAC 2 daria conta de tudo. Aí veio a “Tragédia das Pedras”, como diria aquela vidente…
Demonstrando que a loba pode mudar de marketing, mas não de vício, Dilma referiu-se negativamente à progressão continuada, o que foi entendido como uma referência a São Paulo. É mesmo? Leiam:
“É hora de investir ainda mais na formação e remuneração de professores, de ampliar o número de creches e pré-escolas em todo o país, de criar condições de estudo e permanência na escola para superar a evasão e a repetência e muito especialmente acabar com essa trágica ilusão de ver aluno passar de ano sem aprender quase nada.”
Eu sou contra o método, já escrevi umas 500 vezes. Os motivos são muitos, mas não vou me estender neste texto a respeito. Só que quem introduziu a prática no Brasil foi o mitológico Paulo Freire, petista, quando secretário de Educação da cidade de São Paulo. Os petistas levaram o modelo para Belo Horizonte, Porto Alegre, Guarulhos, entre outras cidades. Aloizio Mercadante tentou transformar a questão numa cavalo de batalha. Não deu.
Mas atenção para o mais interessante. Existe um exame que mede o desempenho dos alunos e estabelece metas: Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb). Em que posição está São Paulo? Vejam.
SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
Nota de São Paulo - 5,5
Nota do Brasil - 4,6
Meta nacional - 4,2
Colocação de São Paulo - 2º lugar; só perde para Minas, que obteve 5,6
Notas anteriores:
2005 - 4,7
2007 - 5,0
SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Nota de São Paulo - 4,5
Nota do Brasil - 4,0
Meta nacional - 3,7
Colocação de São Paulo - 1º lugar
Notas anteriores
2005 - 4,2
2007 - 4,3
ENSINO MÉDIO
Nota de São Paulo - 3,9
Nota do Brasil - 3,6
Meta nacional - 3,5
Colocação de São Paulo - 3º lugar - perde para PR (4,2) e SC (4,1) e empata com RS
Notas anteriores
2007 - 3,6
2009 - 3,9
Para encerrarEm 2009, o PT administrava cinco estados - Acre, Piauí, Pará, Bahia e Sergipe. Sabem quantos deles conseguiram atingir a meta estabelecida pelo Ideb? Um só: o Acre.
Em matéria de educação, os petistas podem aprender muito com São Paulo… E olhem que eu sou contra a progressão continuada…