sábado, 30 de outubro de 2010

Quem tem medo da privatização



Só de falar, gera raiva em grande parte dos brasileiros começa uma acalorada discussão. Aqui mesmo, entre os integrantes do SinergiaK, existem opiniões adversas sobre o assunto. Posso dizer que esse seja um grande tabu nos meios políticos e na forma como é expresso. Quem faz é sempre hostilizado e quem é contra é sempre o esquerdista. Talvez o que ninguém enxerga, por pura estupidez, é o que está por traz de cada ideologia política e o que pode ser usado como uma estratégia de crescimento nacional. Nessa eleição, por exemplo, vimos que o tema sempre é tratado de maneira distorcida e com muita cautela. Através de ponderações erradas ou uso exaustivo da desinformação, a verdade é que o brasileiro não se aprofunda no debate.

Se o estado fica mais eficiente é difícil afirmar, porém é importante ressaltar que tanto as privatizações feitas por FHC quanto o estadismo de Lula foram fundamentais dentro de sua ética e período histórico.

Vamos destacar o que aconteceu nesses últimos vinte anos.Vale, Embraer e CSN, são exemplos de ex-estatais que deram certo. Engraçado ninguém comentar que Ozires Silva, fundador da Embraer, foi um dos percussores de sua privatização. Os lucros das três gigantes e de seus respectivos setores trazem grandes divisas para o país. Precisamos ponderar também que ainda elas são empresas de capital brasileiro, pois mais da metade das ações pertencem a investidores brasileiros. Foi um acerto de gestão e elas estão bem dentro de suas categorias.

Por outro lado, sem empresas estatais estaríamos numa situação contraditória.Por exemplo: se não fossem os bancos estatais (Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES) na crise de 2008/2009 colocarem crédito no mercado a juros subsidiados, provavelmente os bancos privados não se sentiriam estimulados a também colocar dinheiro e, com certeza, encontraríamos um cenário diferente do que passamos. Assim como os estímulos para financiamentos de veículos e para casa própria. A verdade é que os bancos públicos funcionam como um verdadeiro antídoto contra o modelo econômico adotado por algumas empresas privadas.

Então chegamos numa faca de dois gumes: o que precisa discutir é onde o estado se faz necessário estrategicamente e onde pode deixar de estar. Acredito que, por uma questão de filosofia, é possível melhorar a eficiência das estatais e privatizar outras que estejam apenas consumindo dinheiro público sem um verdadeiro retorno para a sociedade.

Para quem é nacionalista, é difícil ver uma empresa símbolo satisfazendo apenas um seleto grupo de investidores. Não é errado pensar assim, porém por trás de toda privatização existe um erro de registro histórico e de um esclarecimento maior sobre o assunto. E se aproveitam disso para fazer demagogia em excesso assim como o inverso.

Privatizar não é problema desde que seja feita de maneira transparente e não coloque nossa soberania em mãos de empresas privadas.

Não estamos defendo nem criticando as privatizações em si. Estamos propondo um debate melhor sobre o assunto e como seremos beneficiados, ou não, com essa política. Já está claro que falta muito para nosso empresariado ter alguma iniciativa empreendedora e para nossa que nossa política se torne eficiente e sincera.

Mas uma coisa é certa: debater nunca é demais.

Nenhum comentário: