Só de falar, gera raiva em grande parte dos brasileiros começa uma acalorada discussão. Aqui mesmo, entre os integrantes do SinergiaK, existem opiniões adversas sobre o assunto. Posso dizer que esse seja um grande tabu nos meios políticos e na forma como é expresso. Quem faz é sempre hostilizado e quem é contra é sempre o esquerdista. Talvez o que ninguém enxerga, por pura estupidez, é o que está por traz de cada ideologia política e o que pode ser usado como uma estratégia de crescimento nacional. Nessa eleição, por exemplo, vimos que o tema sempre é tratado de maneira distorcida e com muita cautela. Através de ponderações erradas ou uso exaustivo da desinformação, a verdade é que o brasileiro não se aprofunda no debate.
Se o estado fica mais eficiente é difícil afirmar, porém é importante ressaltar que tanto as privatizações feitas por FHC quanto o estadismo de Lula foram fundamentais dentro de sua ética e período histórico.
Vamos destacar o que aconteceu nesses últimos vinte anos.Vale, Embraer e CSN, são exemplos de ex-estatais que deram certo. Engraçado ninguém comentar que Ozires Silva, fundador da Embraer, foi um dos percussores de sua privatização. Os lucros das três gigantes e de seus respectivos setores trazem grandes divisas para o país. Precisamos ponderar também que ainda elas são empresas de capital brasileiro, pois mais da metade das ações pertencem a investidores brasileiros. Foi um acerto de gestão e elas estão bem dentro de suas categorias.
Por outro lado, sem empresas estatais estaríamos numa situação contraditória.Por exemplo: se não fossem os bancos estatais (Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES) na crise de 2008/2009 colocarem crédito no mercado a juros subsidiados, provavelmente os bancos privados não se sentiriam estimulados a também colocar dinheiro e, com certeza, encontraríamos um cenário diferente do que passamos. Assim como os estímulos para financiamentos de veículos e para casa própria. A verdade é que os bancos públicos funcionam como um verdadeiro antídoto contra o modelo econômico adotado por algumas empresas privadas.
Então chegamos numa faca de dois gumes: o que precisa discutir é onde o estado se faz necessário estrategicamente e onde pode deixar de estar. Acredito que, por uma questão de filosofia, é possível melhorar a eficiência das estatais e privatizar outras que estejam apenas consumindo dinheiro público sem um verdadeiro retorno para a sociedade.
Para quem é nacionalista, é difícil ver uma empresa símbolo satisfazendo apenas um seleto grupo de investidores. Não é errado pensar assim, porém por trás de toda privatização existe um erro de registro histórico e de um esclarecimento maior sobre o assunto. E se aproveitam disso para fazer demagogia em excesso assim como o inverso.
Privatizar não é problema desde que seja feita de maneira transparente e não coloque nossa soberania em mãos de empresas privadas.
Não estamos defendo nem criticando as privatizações em si. Estamos propondo um debate melhor sobre o assunto e como seremos beneficiados, ou não, com essa política. Já está claro que falta muito para nosso empresariado ter alguma iniciativa empreendedora e para nossa que nossa política se torne eficiente e sincera.
Mas uma coisa é certa: debater nunca é demais.
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